Capítulo I: A Estátua
Ela vive longe daqui e quando resolve aparecer abusa do carmim nos lábios e das roupas que gritam por si só.
A Estátua se exibe sem o intuito de aparecer para a maioria, porém é inevitável não correr os olhos por ela.
Todos os pecados do mundo estão ali e ela sabe. Os homens duelam por sua presença e morrem por conta disso, mesmo sabendo que no dia seguinte ela vai estar distante.
Capítulo II: A Estranha
Se alguém a visse na rua, de cabelos presos e óculos de sol, provavelmente não teria dado trela. Ela não era a mais bonita das moças, mas, como dizem, tinha lá o seu charme.
Carregava uma certa maresia no olhar, os vestidos que a mãe achara em brechó, e as fotos de um passado que ela insiste não esquecer.
As pessoas sabiam das tristezas que ela carregava, mesmo quando a Estranha calava o choro e fingia o contrário.
Capítulo III: A Dona
Ela era música para os ouvidos e água para os que tinham sede e a encontravam, mesmo que fosse por apenas uma noite. Os braços rabiscados e um ar de domínio que só ela sabia ser falso.
No entanto, eis que pontualmente, a Dona resolveu sair de sua ressaca eterna. O álcool servia como veneno, pois ela tinha algo a matar - era o que diziam.
Ela ainda é rock'n'roll, só deixou de ser groupie para virar a donzela que inspira os galãs do Baixo Augusta ao compor suas músicas.
Capítulo IV: O Fim
Em todas as histórias, a gente sabe, é nossa obrigação saber seguir em frente seja lá qual for a direção, e as três haveriam de encontrar cada uma o seu ponto final nesse caminho todo.
A Estátua segue o seu destino torto e continua andando por ele de olhos fechados. A Estranha brincou com suas aquarelas e abriu o peito gritando por um novo amor. A Dona, por sua vez, é discreta e tem bons motivos para se segurar.