domingo, 20 de setembro de 2009

Two Weeks

Ao destinatário,

Na última carta, os escritos se dissolveram no papel dolorosamente. Por mais que o conteúdo fosse o que você queria ler, foi árdua a tarefa de me permitir escrever o que eu tentava dizer em metáforas.

Confessar me dói mais do que idealizar. Pelo menos, enquanto idealizo tenho 50% de chance de qualquer coisa dar certo e outros cinqüenta de dar errado. É um risco, e eu me dou a chancela de que isso aconteça. Já atos confessionais pertencem integralmente à uma única versão, não tem meio termo nem aonde criar expectativa.

Sem resposta objetiva ou qualquer direcionamento que cumprisse a função de conclusão, preferi me ater, justamente, a falta de expectativa e fazer o que deveria ter sido feito desde o início. Um dia não é um mês nem um ano, e eu consigo entender isso agora.

Não me sinto injustiçada por não ter atendido telefonemas, ido à encontros, ou me esforçado na hora certa. O meu senso clamou por outro destino, e eu sempre vou seguir o meu carma. Seja ele bom ou não.

Mas a hora é de desapego e descomprometimento. Por isso, obrigada pelos abraços eternos e despedidas em câmera lenta.