segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Garotas crescem

Há tempos, a garota não escreve uma linha sequer. Por mais que as histórias estejam sendo escritas meticulosamente nas linhas que virão a seguir.

Garotas crescem e começam a planejar viagens sem volta. Mesmo que o regresso tenha existido por força material e anseios maternos, elas crescem, arrumam as malas e saem de casa. Os débitos e as contas começam a chegar, claro, e uma dose crescente de responsabilidade. Mas elas não conseguem se preocupar com saldos quando o que importa é somar e dividir.

Garotas crescem e descobrem a vida no Velho Continente. Londres é o lugar preferido no mundo, a lição de moral e as regras da cerveja. Berlim, a cidade onde elas choram. Enquanto Munique é a parte alemã dos sorrisos nativos e de um amor breve por alguém da Argentina. Já Paris, elas nomeiam como a famosa putinha de luxo da Europa. No final das contas, elas crescem e se deixam seduzir, ao invés do trabalho de conquistar.

Garotas crescem e se assumem como mulher; ou como a mulher do próximo, se preferirem. Elas crescem, mas permanecem derretidas quando o assunto é selar um beijo ou deitar na cama que bem entenderem.

Garotas crescem e investem em terapia e livros do Schopenhauer; mesmo que a terapia seja com o seu melhor amigo, numa quarta-feira qualquer sem hora para terminar, e tendo como divã uma poltrona Arne Jacobsen.

Garotas crescem, mas continuam sendo garotas até mesmo depois desse texto terminar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Quote note

Loving: (x) with moderation or ( ) without moderation?
This is according to Shakespeare.

A baronesa

Escrever é um ato gratuito. Um pedaço de papel e uma caneta já resolvem a premissa inicial. Depois disso, é só começar. Não fosse a falta de tempo, imersa num caos delimitado em investimentos promissores e auto-sustentáveis, a baronesa escreveria mais.

Ela ordenaria que seus criados tomassem conta dos minutos e selassem-nos para que ela, tranqüila, sentasse à mesa ou encostasse em algum canto onde fosse possível apoiar as costas confortavelmente.

A baronesa teria vinho como companhia. Duas taças para as primeiras linhas, e o restante da garrafa para percorrer lentamente a garganta até que a última gota se despedisse. O cigarro pronto para ser tragado quando o terceiro parágrafo fosse iniciado.

Ao final dos escritos, outro cigarro prestes a ser aceso. E o texto, assim como na maioria de seus outros contos, teriam continuidade quando tivessem merecimento.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Here comes the Sun, little darling

Um dia de puta
Um dia de sóbria
Um dia de maniqueísta
Um dia para abrir uma garrafa de vinho sem méritos
Um dia para esquecer o inconsciente coletivo
Um dia de intuição sem pensamento
Um dia de predisposição física
Um dia de Caio Fernando Abreu


Um dia qualquer, enquanto vislumbro a inconstante presença da sincronicidade em anseios que a ciência não conseguiria explicar.