sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A baía

Como um samba em nota, eis a minha resposta.

No que se apresenta
O triste se ausenta

E a baía continua meio mar, meio oceano. Ainda comete o seu maior desamor ao tentar guardar sorrisos. Pelo menos, adivinhou que a felicidade é um bem transitório, que corre de oceano em oceano e não tem dono.

Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo

In translation

It was a tiny sound but it woke me up because it was a human sound.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os iluministas

Se sexo é o que importa, só o rock é sobre amor

Apesar de todo o interesse ambos não poderiam se comprometer em resolver um questionamento tão ancestral. Responder dicotomias não é algo simples.

Por ora, às vezes, é melhor ocultar as palavras. Quanto menos se fala, mais os sentidos físicos conversam entre si. Iluministas brigaram pela razão tentando provar que a ciência era a rainha de todas as leis e que o pensar era quem tinha o controle de tudo.

Clarice gostava de Voltaire e queria silêncio. Ela preferia dormir sem acompanhar a respiração do outro ao lado. Augusto ouvia Tim Maia e queria conversa. Queria dividir o que sentia e achava que todo esse amor era suficiente para os dois. Ledo engano.

- Eu quero me casar com você.
- Acho que isso está ficando meio sério, Augusto.
- Todo mundo diz que somos melhores quando estamos juntos.
- Se continuar assim, eu vou ter que ir embora e te deixar um bilhete de adeus.

A resposta foi ouvida lentamente por Augusto, que não conseguia olhar para Clarice com os olhos de antes. Sem que ela percebesse, ele se virou de costas alegando estar com sono e sem disposição.

Augusto percebera que estava aprisionado no corpo de Clarice, e que seria um calvário sair de lá. Ele esperava afeto. Ela, por sua vez, esperava o próximo e todos os outros homens por quem iria se apaixonar.

Augusto era de Câncer, Clarice de Leão. Não é preciso entender muito sobre astrologia para concluir que essa combinação contém ingredientes que qualquer alquimista evitaria misturar na mesma ampola.

- Clarice, não precisa casar comigo, só me responde uma coisa.
- Como queira, Augusto.
- Existe muita química entre nós, não acha?
- Depende do seu ponto de vista.
- Não respondeu minha pergunta.
- Existe muita química em Chernobyl.

Clarice partiu, conforme avisara. Antes, rabiscou um desenho e deixou seus últimos escritos para Augusto.

Um mérito inegável da poesia: ela diz mais e em menor número de palavras que a prosa.

domingo, 11 de setembro de 2011

Dia 36

Capítulo I: A Estátua

Ela vive longe daqui e quando resolve aparecer abusa do carmim nos lábios e das roupas que gritam por si só.
A Estátua se exibe sem o intuito de aparecer para a maioria, porém é inevitável não correr os olhos por ela.

Todos os pecados do mundo estão ali e ela sabe. Os homens duelam por sua presença e morrem por conta disso, mesmo sabendo que no dia seguinte ela vai estar distante.

Capítulo II: A Estranha

Se alguém a visse na rua, de cabelos presos e óculos de sol, provavelmente não teria dado trela. Ela não era a mais bonita das moças, mas, como dizem, tinha lá o seu charme.

Carregava uma certa maresia no olhar, os vestidos que a mãe achara em brechó, e as fotos de um passado que ela insiste não esquecer.

As pessoas sabiam das tristezas que ela carregava, mesmo quando a Estranha calava o choro e fingia o contrário.

Capítulo III: A Dona

Ela era música para os ouvidos e água para os que tinham sede e a encontravam, mesmo que fosse por apenas uma noite. Os braços rabiscados e um ar de domínio que só ela sabia ser falso.

No entanto, eis que pontualmente, a Dona resolveu sair de sua ressaca eterna. O álcool servia como veneno, pois ela tinha algo a matar - era o que diziam.

Ela ainda é rock'n'roll, só deixou de ser groupie para virar a donzela que inspira os galãs do Baixo Augusta ao compor suas músicas.

Capítulo IV: O Fim

Em todas as histórias, a gente sabe, é nossa obrigação saber seguir em frente seja lá qual for a direção, e as três haveriam de encontrar cada uma o seu ponto final nesse caminho todo.

A Estátua segue o seu destino torto e continua andando por ele de olhos fechados. A Estranha brincou com suas aquarelas e abriu o peito gritando por um novo amor. A Dona, por sua vez, é discreta e tem bons motivos para se segurar.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O amor é mesmo sem caráter

- Então quer dizer que o amor é mesmo sem caráter?
- Sim, sim, sim, sim. Tem que ser assim.
- E sem caráter, de quem é que ele cuida?
- Só cuida de si.

Não vai fazer muito tempo. Na verdade, o tempo é o que menos importa. Só faço uso dele por pura retórica e distração. Aprecio a minha racionalidade, por isso a necessidade em falar de tempo, matemática e todas essas coisas. Pelo menos, eu apreciava ser racional. Até o dia em que me disseram que faltava emoção nessa minha vida.

Se fosse apenas uma pessoa a ter dito isso, a probabilidade de eu ignorar o fato seria tamanha. No entanto, por vezes, anulei uma das minhas melhores qualidades. Não me cabia mais o adjetivo, nem cantarolar Tom Zé involuntariamente sem pensar no que os outros iriam achar.

Outra qualidade, se me cabe a falta de modéstia, é a minha capacidade de se ser o que eu quiser ser. Eu sempre usei isso como um pequeno poder, sempre de acordo com a situação. Sei usar as melhores palavras e aprendi a persuadir em uma conversa naturalmente. Isso é tudo que eu sou. Por isso, escrevo cartas sem destinatário algum. Só pelo prazer que tenho em escrever. Além disso, posso fugir enquanto escrevo.

Se a emoção tentasse se aproximar da minha racionalidade, boa parte disso seria diferente. Mas, não. Ambas não se encontram e, quando acontece delas se verem, costumam duelar pra ver quem é a mais forte. No final das contas, razão e emoção saem derrotadas.

No dia seguinte, quem tenta fazer as pazes sou eu: comigo e com essas duas filhas da puta que resolvem brigar no intuito de decidir o que eu vou fazer ou o que eu vou deixar de fazer.

E eu não entendo o porquê de tanta discórdia entre elas. Só sei que estamos procurando o mesmo fim: morrer de amor.

domingo, 10 de julho de 2011

Tenderoni

When I said that were a hundred thousand boys like you, I didn't think it would be so difficult to find them.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Rise & Shine

Eu nunca vou entender os pequenos encontros dessa vida. Digo pequenos não pela dimensão em si, mas porque bastam poucos segundos pra que esses encontros se tornem algo maior. Perdoe a minha quase-confusão com minhas metáforas e contraposições: pequenos encontros versus algo maior, caro leitor. Não passa de um truque para eu não esquecer o que tenho vontade de registrar por aqui.

Amigos se reconhecem, é fato. Eu só queria saber em que milésimo de segundo isso tem início. No primeiro segredo compartilhado ou quando a cerveja se encerra no copo enquanto se pede outra? Isso não é importante, mas eu gostaria de saber.

Vejo fotos, sorrisos e imagino os abraços que recebi e os que dei em troca. Leio textos e cartas, ouço músicas em comum e lembro de alguns nomes sem nem perceber. Todo tipo de mensagem é suficiente pra consolidar alguma coisa que a gente não consegue ver fisicamente. O intangível amigo, talvez seja essa a nomenclatura exata, escolha a que quiser.

Dos textos que escrevo, este é um dos poucos que já não veio pronto, bastando apenas publicá-lo - não me lembro de outro. Ainda não sei sua real finalidade. Principalmente quando lembro que escrever é um pouco se perder no meio das palavras e deixar que elas falem por si no momento certo.

domingo, 15 de maio de 2011

Respect

It's completely easy if you know the limit of yourself. To respect other people, you need to respect yourself first.

The only trouble is when you loose your faith about every little thing. When you loose the benefit of being what you are. But it can be worst when someone makes you feel such as an unfaith person.

So, in this case, you have to come back two steps and look for what you've been doing with yourself. It's important to be real and sincere with what you wants to be. Because to represent something you need to believe on it before.

That's the only way for emancipate respect with you and with every person that would love to judge you.