segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Uma ou outra.

para o (in) comum, ouvido é pouco.
olhos se esforçando pra ver
descobrir asas arde
na liberdade que é.

(...)

acorda sono antigo
que nascer já nos foi dado
se o imaginado nunca foi vivido
e se ainda está não olhe
resguarde o segredo inacabado
e viva o que pode vir a ser novo encontrado
jardins suspensos te aguardam
no mais além do que tens sonhado.

em protesto: rasgue o peito;
refluxo encantado,
e esqueça sempre tudo que tens guardado
inaugure o amor todos os dias
só assim o sentirá validado.

por N.L.



PS: antes e depois de Miró.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O sorriso de Norma Jeane

Há quem diga que o sorriso mais belo e conhecido nesta galáxia seja o riso enigmático e cheio de mistérios presente na obra de Leonardo Da Vinci, em suma: a perfeição estaria no rosto de Mona Lisa. Da Vinci denota, no quadro, uma mulher com um ar introspectivo e um tanto quanto tímido. A beleza restrita de Mona Lisa intriga por seu teor de sedução estritamente conservador. Discussões e comentários felizes quanto à arte do italiano são notáveis. Contudo, Mona Lisa pode ser conhecida, aclamada, e ter ficado na parede de Napoleão Bonaparte, mas não tem o sorriso de Norma Jeane. Algo de brilho único e doce, em uma escuridão de segredos de uma pessoa envergonhada e despudorada simultaneamente.

Trata-se da filha de Gladys Monroe Baker, nascida em um de junho de 1926. No entanto, a probabilidade de você identificar um dos sorrisos mais belos já vistos entre os mortais, vai longe por essa informação. Agora, se lembrar da estrela ofuscante de "O Pecado Mora ao Lado", em cena, de uma mulher com as pernas e a calcinha a mostra por conta de um ligeiro levante de seu vestido branco, de súbito terá no encanto da lembrança Marilyn Monroe.

Um sorriso triste e melancólico; cuja infância se deu com um pai desconhecido, uma mãe cortadora de negativos em um estúdio, e passagens por orfanatos e lares de adoção. Aos 16, já era senhora casada, tendo como primeiro marido um rapaz de 21 anos a quem chamava de "papai" - por falta de um, talvez. Enquanto "papai" estava na guerra, na década de 40, Norma inicia a sua carreira de modelo. Em um ano, torna-se capa de mais de trinta revistas.

O começo de uma estrela, com aquele mesmo sorriso; com um quê de melancolia e atração. Mesmo após a mudança de nome para Marilyn Monroe, Norma Jeane Mortenson não consegue abandonar a sua essência de beleza e sorriso afável. Certas coisas nos acompanham a vida inteira, e Marilyn ainda gostava de ser abraçada, era inocente e via pureza nas banalidades mais simples. Em meio a inocência, Marilyn ficou nua sobre um veludo vermelho, no que seria o pôster principal da primeira edição da Playboy. Além disso, ganhou a sua marca na calçada da fama em Hollywood. Tudo isso em 1950.

Aos 36 anos, Marilyn Monroe tem uma morte cercada de boatos e teorias conspiratórias. No entanto, deixo de lado a tangência triste da inexistência física da atriz destaque de "Quanto Mais Quente Melhor", prefiro roubar saudações nostálgicas que revelam que nela tinha amor, entrega e sentidos. Da ascensão á queda, do primeiro ao terceiro casamento, e cercada por garrafas de champanhe. Do sucesso, o fotógrafo Bert Stern conseguiu fazer um ensaio que ultrapassou a lente da sensualidade e mostrou não somente uma mulher bonita, mas a bela em estado sublime. Algo de intocável e irremediavelmente dela: o sorriso de Norma Jeane.