segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Garotas crescem

Há tempos, a garota não escreve uma linha sequer. Por mais que as histórias estejam sendo escritas meticulosamente nas linhas que virão a seguir.

Garotas crescem e começam a planejar viagens sem volta. Mesmo que o regresso tenha existido por força material e anseios maternos, elas crescem, arrumam as malas e saem de casa. Os débitos e as contas começam a chegar, claro, e uma dose crescente de responsabilidade. Mas elas não conseguem se preocupar com saldos quando o que importa é somar e dividir.

Garotas crescem e descobrem a vida no Velho Continente. Londres é o lugar preferido no mundo, a lição de moral e as regras da cerveja. Berlim, a cidade onde elas choram. Enquanto Munique é a parte alemã dos sorrisos nativos e de um amor breve por alguém da Argentina. Já Paris, elas nomeiam como a famosa putinha de luxo da Europa. No final das contas, elas crescem e se deixam seduzir, ao invés do trabalho de conquistar.

Garotas crescem e se assumem como mulher; ou como a mulher do próximo, se preferirem. Elas crescem, mas permanecem derretidas quando o assunto é selar um beijo ou deitar na cama que bem entenderem.

Garotas crescem e investem em terapia e livros do Schopenhauer; mesmo que a terapia seja com o seu melhor amigo, numa quarta-feira qualquer sem hora para terminar, e tendo como divã uma poltrona Arne Jacobsen.

Garotas crescem, mas continuam sendo garotas até mesmo depois desse texto terminar.