domingo, 9 de setembro de 2007

Café ou Chá?

Agosto costuma trazer um algo de estranho. Não por anteceder o meu Setembro preferido, mas, sim, por ser um mês de exclusiva solidão. Do primeiro dia ao trigésimo primeiro, Agosto me soa como uma inscontância. A começar pelo clima indefinido, morno: não sabe se quer ser quente ou se deixa abstrair pelo frio. No entanto, já que faz parte do calendário, deixemos viver. Com ou sem gosto.

Vejo pessoas, indo e vindo, voltando. Todas têm um rumo, ou procuram por um; nem que essa procura seja fadada ao fracasso. Algumas carregam sorrisos, outras preocupações. Quanto a mim, em Agosto, prefiro não admitir muito. Para fazer companhia, peco pela vontade e pelo o que há de curioso no que me cerca. Olho ao redor, do corredor vejo um rapaz prestes a acender um cigarro. Parece que o tabaco é meu também, por um detalhe talvez seria. Afinal, eu não fumo, nem tenho habilidade para tanto.

Esqueço o contorno do garoto e fito um detalhe paralelo. Apenas o observo enquanto traga aquele mínimo de combustão e bebe um café. A xícara branca não parece ser porcelana fina, muito menos o conteúdo não teria sido feito com grãos de uma safra dourada. No entanto, me apeteço e já sinto a temperatura do líquido negro a percorrer a garganta do jovem.

Diz a lenda que o café traz o ânimo e a vivacidade de volta. Aliás, a presença concentrada de cafeína explica tal fato. E isso assume um quê de novo para o meu Agosto, que antes refletia uma rotina cada vez mais rotina. Incito por um gole, levanto da cadeira e caminho em direção a Cafeteria. De longe, já sinto o aroma se dissolvendo em algum bule aquecido:

- Moça, o que vai querer: café ou chá?
- Um café agora, e outro para vida.

sábado, 1 de setembro de 2007

PORTISHEAD


'Te cabe no meu peito,
te esconde aqui dentro e eu prometo sossegar.'

Um dia essas palavras saíram pelo ar em movimentos de dança vindas do infinito do teu ego. Nem pensava que tu ousarias em dizer. Na beleza de ouvi-lás, faltou-me uma resposta á altura. Melhor: quem deveria questionar-te sobre o fato era eu; a minha boca dissolveria no encanto da promessa.

Que não seja por falta de ensejo, pois venha ouvir o meu estrado em forma de segredo. Que não seja por falta de zelo, leva contigo o meu pensar, a minha altura sobressalente e a minha falta de sono quando me revelo em fuso horário. Que seja feita a tua vontade, pelo meu desejo.

Á parte o teu colo, a tua cor que difere dos outros, aceito a condição. Não por condicionar-me em latitudes quilométricas ou por um oceano de distância - mesmo que essa distância se fizesse em único grão de areia do teu mar -, mas, sim por toda valia que existe em ver o sorriso de canto e sentir cada vez mais.

Se o sonho pode guardar essa lembrança, imagine uma ligação minha antes do sol se pôr. Aceite o meu convite, que o vinho fará companhia. Conte-me da vida, da tua história e do teu ser. Enquanto omito uma conversa, adivinho cada metro cúbico da tua pele por entre a camisa quadriculada.

Simulo a queda, e caio em ti.
Agora, podes morar junto a mim.