segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Lacuna Inc.

Eu não posso cogitar escrever em canto algum que comecei dois mil e nove da melhor maneira possível. O álcool ajudou a enganar, pelo menos no primeiro dia do ano.

O problema é que 2008 resolveu aparecer um bocado: as mesmas consoantes, os mesmos amores, e o mesmo perfume amadeirado que ele usa até hoje. Admito que sou nostálgica ao extremo, mas dessa vez eu fui sadomasoquista. Aliás, se eu continuasse nesse reavivamento de memória, era melhor só acordar na contagem regressiva para 2010.

No entanto, eis que o acaso ou qualquer outra força do subconsciente traçou uma série cronológica de acontecimentos. E eu tive que fazer as honras da casa quando não mais esperava por anseio algum.

E 2009 brilhou demais.

Por fim, para daqui 4 dias, eu quero ser bem dadaísta:

Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Como uma manhã de domingo

O impulso de pegar o celular que está na mesinha da sala, bem ao lado da pessoa em questão, é mais fácil do que parece. Impulso, aliás, não é uma atitude. É um atraso e uma impotência absurda em não conseguir ter controle nenhum do que se faz.

- Eu sei que a minha conta de telefone odeia quando eu faço isso, mas eu tinha que ligar.
- Não faço recusa, guria. Adoro quando você me liga drunk way of life.
- Também te ligo sóbria vai, tentei justificar.
- Sim, mas quando tens um copo etílico na mão tu fica igual aquela música: Easy, disse ele seguido de um riso no canto esquerdo da boca.

(...)

3 segundos depois:

- Mas na versão do The Commodores ou do Faith No More?, indaguei.
- A do Faith No More tá?, mais um riso daqueles.

Então: That's why I'm easy. I'm easy like Sunday morning.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Madrugadas incríveis

Minha sobrinha lendo o meu livro:

- Tia, eu não posso mostrar a sua crônica pra ninguém. Tem muito palavrão e sexo.
- E essa parte que você fala da faculdade? Você fez sexo nessa época né, me conta.
- Como você escreve difícil. Nossa. Você fica se achando assim. Cresceu a vida toda em Mogi e vai pra São Paulo escrever de um jeito que a gente não entende.
- Você gosta de caras mais velhos. 60 anos é ilha nova pra você.
- Her (...) O que é esse ‘heartbreaker’, tia?
- Mulher é uma bicha burra mesmo, quando mais os garotos pisam mais a gente quer.
- É feio falar ‘quase-jornalista’, tia. Aff!
- Tia, você tem quantos blogs?
- Tem algum cara gato que também escreveu nesse livro?

A Rapha tem algumas premissas pra aprender comigo, e eu com ela. Fato.

domingo, 15 de novembro de 2009

Atestado

Hoje eu me despedi oficialmente de você. Mas, pra falar bem a verdade, a despedida já aconteceu há tempos. Só não tive os minutos necessários para mencionar o fato por aqui. No entanto, setembro me foi uma boa retórica. Acredito que pra ti também.

Sejamos cúmplices pelo menos agora: fomos intensos ad infinitum, inclusive na hora de nos deixarmos. O amor tem lá dessas histórias, e comigo é particularmente assim. Como disse o Xico Sá esses dias 'eu quero sempre me fuder de amor'.

Hoje eu me decidi oficialmente. Vou escrever um livro.

Deu samba

Cai no chão
Um corpo maltrapilho
Velho chorando
Malandro do morro era seu filho

Lá no morro
De amor o sangue corre
moça chorando
Que o verdadeiro amor sempre é o que morre

Menino quando morre vira anjo
Mulher vira um flor no céu
Pinhos chorando
Malandro quando morre
Vira samba

C.B.

domingo, 25 de outubro de 2009

Kamikaze

Eu poderia ser o parque de diversão preferido de qualquer psicólogo, analista, terapeuta e cia limitada.

Eu causaria tanto pavor quanto um castelo assombrado, desses que tem atores se fingindo de personagens de filme de terror. Não duvido que eu deixaria qualquer doutor tendo noites mal dormidas e pensando sobre os delírios que confessei no divã.

Quanto ao doutor (ser masculino), sim, tem que ser 'ele'. Eu quero um homem me ouvindo. Nada contra uma doutora, mas, sinceramente, eu acho que perderia a graça. Certeza que ela me entenderia em cinco segundos por simbiose e auto-identificação. Sem contar que me excitaria muito mais persuadir pra um cara, óbvio.

Eu teria tantas voltas como uma montanha-russa, sendo capaz de cair no improviso e retornar as alturas de forma idealizada. Aliás, essa metáfora à la rollercoaster não é exclusividade minha. Outros textos já se apossaram dela pra exemplificar situações onde o sujeito está em derrocada, perdendo todo o fôlego que tem nos pulmões e se permitindo cair; quando, inexplicavelmente, esse mesmo sujeito toma o dobro do fôlego perdido e alcança ares desconhecidos outrora. E o grande paradigma de qualquer montanha-russa é esse, quando se vislumbra na queda a oportunidade de alavancar.

Por fim, eu seria o carrossel alfa do parque - com limite de visitação e trabalhos esporádicos. Afinal, estou longe de querer qualquer um abusando do meu divertimento e não costumo desperdiçar argumentação com facilidade. Inclusive pra qualquer psicólogo, analista, terapeuta e cia limitada.

Quem nasceu pra kamikaze não vira carrossel do dia pra noite.

domingo, 18 de outubro de 2009

Montauk

domingo, 20 de setembro de 2009

Two Weeks

Ao destinatário,

Na última carta, os escritos se dissolveram no papel dolorosamente. Por mais que o conteúdo fosse o que você queria ler, foi árdua a tarefa de me permitir escrever o que eu tentava dizer em metáforas.

Confessar me dói mais do que idealizar. Pelo menos, enquanto idealizo tenho 50% de chance de qualquer coisa dar certo e outros cinqüenta de dar errado. É um risco, e eu me dou a chancela de que isso aconteça. Já atos confessionais pertencem integralmente à uma única versão, não tem meio termo nem aonde criar expectativa.

Sem resposta objetiva ou qualquer direcionamento que cumprisse a função de conclusão, preferi me ater, justamente, a falta de expectativa e fazer o que deveria ter sido feito desde o início. Um dia não é um mês nem um ano, e eu consigo entender isso agora.

Não me sinto injustiçada por não ter atendido telefonemas, ido à encontros, ou me esforçado na hora certa. O meu senso clamou por outro destino, e eu sempre vou seguir o meu carma. Seja ele bom ou não.

Mas a hora é de desapego e descomprometimento. Por isso, obrigada pelos abraços eternos e despedidas em câmera lenta.

domingo, 16 de agosto de 2009

Space Cowboy

- Wow! That's the man for whom I've been waiting all my life!
- Really? Well, I've been waiting for him for just 5 minutes. He's my boyfriend.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Blônicas II, a vez dos leitores

When a dream come true (...)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Colonização

O título não caberia no post, por isso ganhou outra importância tornando-se parte inicial para a pequena narrativa que virá a seguir. Somado a isso, a ânsia pelo verbo 'colonizar' fez dessa que vos escreve criatura fácil ao ato em si e a deixou em status de 'colonizada'.

Em outros trópicos antigos, colonizar implicava em: 1) pedido formal da mão de alguém aos progenitores desse alguém; 2) aliança na mão direita; 3) aliança na mão esquerda; 4) contatos físicos mais proeminentes; 5) nove meses; 6) que dure para sempre.

Pular-se-iam as regras dessa colonização e o inverso seria feito de forma desfeita: 1) que dure o quanto tiver que durar; 2) contatos físicos rapidamente mais proeminentes; 3) não cogites os nove meses, por gentileza; 4) mão esquerda e mão direita livres; 5) informalidade e 'vem cá, vem'; 6) te ligo amanhã tá?.

Colonização em épocas luz atrás era uma coisa, hoje é outra. O sentido exploratório é o mesmo, aproveita-se o melhor. Só o quesito referente ao 'habitar', isso foi meio que esquecido. Ninguém precisa habitar-se em ninguém e todos seguem assim, passos em contraponto, vontades submersas que um dia hão de se fazer refém e serão colonizadas como fora antigamente. Ah, se vão.

domingo, 29 de março de 2009

Europa, Oceania e um terceiro

A tênue impressão de que os sonhos estão gradativamente pesando os ombros provoca ânsia, pressa, e algum tipo de medo. Não que isso signifique algo do gênero negativo, por ora, acho que não se trata disso.

Os sonhos pesam porque acredita-se no inesperado de modo expressivo, a ponto de exercer a lei da gravidade e tornar esse peso um fardo admirável de se carregar. No entanto, admitam-se as controvérsias, ocasionalmente surge a vontade de abandonar idealizações e favorecer a desistência. And, actually, to give up is not my lifestyle.

Por falar em fardo, peso e tempo, só nos cabe nos ombros as condições que somos capazes de suportar. E quando os desejos ultrapassam essas medidas, meu caro, os ombros - mesmo que intoleravelmente sobrecarregados - parecem carregar penas. And, actually, to run after my intentions is my lifestyle.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Bacamarte.

E eu ainda me surpreendo com a capacidade [ou a falta dela] em certas pessoas.