segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Conto da Sorte

Convidou-me pra um samba inocente. Pegou pela mão e colocou um copo na boca. Gole por gole, dissolvia um rascunho assobiado 'Ei, você vai casar comigo amanhã te avisaram?'. Num sorriso de lado, desfazia o melodrama e me deixava na promessa.

Na medida de um conto dizia: a rapariga que domar o coração desse guri não vai sentir mais dor de amor. E dor de amor só é dor quando dói em calma descompassada e leve, daquela dor que te faz querer mais dor. 'Por gentileza, que não tenha cura pra esse mal de amor que cabe nos teus olhos', gritava no peito.

Os deuses conspiraram ao pé do meu ouvido e pararam no tempo a resposta incontida. ‘Não há som melhor que o silêncio da tua respiração’. Cala-me numa partida breve e estamos sozinhos, de flor em flor. 'Me ensina a controlar esse ensejo', tentou dizer em 37 segundos contados.

(...)

Convidei pra um samba inocente. Peguei pela mão e coloquei um copo na boca. Gole por gole, esquecia a inocência e dissolvia uma frase direta 'Com amor não se brinca'. Teu sorriso de lado me entregava o melodrama.

Como história que cabe em rima, fiz teu poema solto; desses que dizem que o guri pode dominar o coração da rapariga. Dor que sente em chama, dor que a gente busca sem saber por quê. E quando sabe, a graça do amor se foi perdida. Deito-te em prosa, conversa fiada e tudo bem. Fora do teu círculo, eu seguro o nosso tempo desmedido.

Os deuses fizeram uma prece em segredo, anunciando a resposta sabida. Um pra lá, e outro de canto. O outro de canto e a rapariga com o coração do guri, para fazer o que bem entender nesses 37 segundos contados.

domingo, 14 de outubro de 2007

Chico;

Quero mais
Quero mais.
É tão simples abusar do meu espírito ingênuo
Já passaram mil romances, caravanas, sentimentos
Desarvorados
Num tempo sublime
Do verbo amar.
Amarei aquele que chegou
Pra não partir jamais.
Partiu,
Agora eu quero mais.

PS: Chico Buarque nunca é demais.